quarta-feira, 30 de abril de 2008

Girls in the Rock - Song for the Ladies...

É com imenso prazer que venho a fazer esse blog, pois ele era um desejo que já tinha há algum tempo, mas me faltava espaço pra isso... Meu verdadeiro objetivo aqui é divulgar as bandas femininas, bem como relatar um pouco da história das mulheres dentro do rock... Falar de bandas antigas e atuais... Em suma, abrir um espaço aqui onde as bandas femininas tenham verdadeiro estímulo, visto que, mesmo tendo surgido em um espaço onde predominava todo o discurso subversivo e "revolucionário" da origem do rock n' roll, ainda permance até hoje toda uma visão machista que faz com que as banda femininas dentro do rock e do próprio punk ainda seja minoria...

Sabemos que hoje é um pouco diferente e que tem surgido muitas bandas femininas (ainda bem!). Mas,um forte sentimento machista aindase faz presente em relação à bandas de mulheres.Mesmo existindo muitos homens que apóiam e dão força às bandas femininas, a idéia de que as mulheres nos shows só servem para segurar as mochilas de seus namorados enquanto eles pogam ainda tem grande expressão.

Talvez, as minhas palavras possam parecer um pouco saturadas aqui, um discurso, digamos, já por demais "batido"... mas, eu realmente penso que em um mundo ideal não era isso que deveria importar: o gênero, o fato de ser homem ou mulher, mas sim a música, o talento, a atitude. Somente essas coisas deveriam fazer diferença. Mas a realidade não é assim, e nós sabemos disso. O papel da mulher dentro do rock tem sido "secundário", pelo menos no senso comum. Sua posição é só de admiradora ou espectadora, nada além disso. O rock, infelismente, ainda é muito percebido como "coisa de homem". Lembro até de ter lido em alguma coisa (que agora realmente não me recordo) que a própria guitarra elétrica possuia a forma de um simbolo fálico (só vim prestar atenção neste detalhe depois que li. hahahaha), o que, se for verdade, só reforça que toda a atitude do rock é realmente voltada para os homens.


O que relmente fez diferença foi as mulheres de atitude... aquelas que tiveram realmente coragem, e se posicionaram contra o preconceito. Confiaram em si mesma, pegaram uma guitarra, e começaram a tocar. Foi assim que algumas bandas de meninas surgiram nos anos 60 (vide a colétânia GIRLS IN THE GARAGE, que vou falar sobre ela aqui depois)... nesta época, dois grandes nomes femininos, claro que ligados ao rock (folk) seria Joan Baez e Joni Mitchell, mas sempre como o nome de Bob Dilan junto... nunca elas estavam "sozinhas"... era como se o nome das duas não fosse o suficiente... Na década de 50, o rock era algo compelatamente masculino, e só via mulheres na ativa quando se tratava de soul e blues (ver The Supremes e também The Ronettes).

Já nos anos 60, as coisas começam a mudar um pouco de figura. Começa a surgir mulheres dentro do Rock, e de forma bem visível... Desde aquelas figuras totalmente midiáticas como Janis Joplin até meninas que a mídia não transluziu, mas que não foram menos expressivas...Houve grupos, nos anos 60, que hoje em dia não figuram mais nem nota de rodapé de enciclopédias de rock... mas, o impoertante foi que surgiram. Formados por garotas recém saídas da adolescência, os "girls groups" foram de grande influência para o rock dos anos 60. Grupos como The Who e Beatles chegaram a regravar músicas de bandas de garotas (“Boys”, “Chains”, “Keep your hands off my baby”, “Baby it’s You”, “Please Mr.Postman” são todas cover de Girls Groups).

As canções daquela época iam além do rapaz-quer moça, moça-não-quer-rapaz, rapaz-traí-moça, moça-afoga-se-em-lágrimas. Os títulos dizem muito bem da temática das canções. Em português mesmo: "Foi ele" - Ronettes, “Se há alguma coisa mais que você queira (me deixe saber)” - Roddie Joy, “Por favor, não me acorde” - The Cinderellas, “Sábado à noite não rolou” - Reparata & The Delrons, “Vou destruir aquele garoto” - The What Fours, “Papai, você tem que deixar ele entrar” - The Satisfactions, “Como vou contar pra painho e mainha” - The Lovellites, ou “Não vejo a hora de ver a cara do meu bem” - Syreeta Wright, e ainda “Nunca ensinaram isto na escola” - Gayle Harris.

A aparente inocência dos títulos e letras, nas entrelinhas, identificavam novos tipos de relacionamentos entre garotos e garotas. Elas tomavam as rédeas, mesmo quando se mostravam frágeis. O sexo não é cantado abertamente, está nas entrelinhas, como nos casos de Condition red (menstruação?), I’d much be with the girls, (lesbianismo?), Will love me tomorrow? (a eterna pergunta que as garotas se fazem no dia seguinte).
Embora todos estes grupos tenham acabado e, a maioria esquecidos háalgumas décadas, seus discos não ficaram datados. Grande parte conserva o frescor de música recém-gravada. Uniam muita energia, alegria, inocência, uma pitada de malícia, grande e inovadores arranjos.
(To be continued...)